Aula
3 – 22 de abril de 2015.
A aula do vigésimo segundo dia do mês de
abril foi bastante produtiva.
Inicialmente, pudemos assistir a
apresentação de 3 colegas de turma (Dayanne, Flávia e Norberta) que já havia
pago a disciplina semestre passado. Dayanne e Flávia apresentaram duas
atividades referentes a textos da disciplina e Norberta fez a apresentação de
seu blog.
Chamou minha atenção, em especial, a apresentação
(seguida de discussão) da colega Flávia. Ela apresentou reflexões acerca do
texto “ A textualidade do hipertexto”,
do professor Luiz Fernando Gomes. Discorreremos com mais profundidade as
reflexões sobre este texto na próxima postagem, mas é pertinente comentar como
foi interessante perceber como as categorias da textualidade (coesão,
coerência, intertextualidade, informatividade...) funcionavam no hipertexto!
Foi interessante perceber como estas categorias que até então só havia
percebido no gênero escrito ou no máximo
num gênero virtual que “herdou” características do escrito e enxergar
possibilidades múltiplas de funcionamento da textualidade no hipertexto. Como
funcionaria à coerência num hipertexto repletos de links? Difícil, né? Foi
muito interessante!
Caso
alguém queira mais informações a respeito das apresentações das colegas
citadas, seguem os links de seus blogs/sites:
Dayanne (blog): http://dayannehgt.blogspot.com.br/
Flávia
(site): http://flaviakarolinalima.wix.com/hipertextos
Norberta (blog): http://pensandoarteduc.blogspot.com.br/
Outra
questão que merece destaque é a reflexão do texto “Texto e Hipertexto: O “Hiper” do hipertexto e outras questões”, de
Luiz Fernando Gomes.
O autor resolve escrever sobre o “hiper”
do hipertexto com o objetivo de situar este objeto de estudo (hipertexto) no viés
da Linguística, já que é necessário pensar esta questão dentro do âmbito lingüístico
pelo fato deste termo surgir no contexto da informática e os conceitos que
circulavam se relacionava a esta área de conhecimento. O “hiper” significa
olhar as diversas questões cunhadas dentro do hipertexto através do “olhar” lingüístico.
Neste sentido, o autor discute algumas
questões que merecem ser enumeradas e comentadas:
1-
Relação
texto/hipertexto:
Concordo com a enumeração das diferenças e semelhanças entre eles e com a
crítica do hipertexto ao texto impresso, no entanto refuto algumas
características dadas ao texto impresso.
2-
Hiper x Linear/
Multidimensional
x Unidimensional: Retomando a
questão anterior relacionando aos aspectos desta questão, é necessário
considerar que mesmo com a novidade da multidimensionalidade do hipertexto,
pensando-o no nível do fonema, morfema e sintático ele tem caráter linear e
este linear é importante. Pensando também a leitura de um jornal (texto
impresso), a leitura sendo realizada com ele aberto na mesa, por exemplo,
podemos considerar uma não-linearidade nessa questão.
3-
A construção de
aspectos da textualidade no hipertexto: Aqui é interessante pensar como a
coerência (um aspecto da textualidade) é construída no hipertexto. Será que ela
pode ser garantida na disposição dos links e com a dinamicidade do hipertexto?
4-
Hipertexto e
texto eletrônico:
Esta questão foi esclarecida com uma afirmação do professor durante a aula “É
importante saber que nem todo texto que está no ambiente virtual é hipertexto,
pois talvez estes textos não haja presença de links. Ex .: Os artigos em PDF.
5-
A característica
logocêntrica da WEB:
Significa pensar a construção do hipertexto como se tivesse “transferindo” um
texto impresso pára um ambiente virtual. Concordo com o texto ao mencionar que
alguns hipertextos são criados dessa maneira.
Continuando a discussão, o autor fundamenta
sua argumentação baseado nos autores/obras organizados no quadro abaixo:
Braga &
Ricarte (2005)
|
-
Ampliar o conceito de “hipertexto” separando-o do texto impresso.
|
Pefferti
(1996)
|
-
Hipertexto combina o intrigante com irrelevante;
-
Juízo de valor: Hiper é bom e o linear não é;
-
Hipertexto x texto / Processo x uso
|
Mial (1998)
|
-
Defende que se deve partir do que
sabemos sobre leitura e escrita de textos impressos e os processos psicológicos para estudar o
hipertexto.
|
Rouet &
Levonen (1996)
|
-
Comparação entre texto e hipertexto em busca de semelhança entre eles;
-
A progressão do hipertexto é controlada pelo o usuário no sentido de escolher
o link que escolher clicar;
-
A diferença entre o texto e o hipertexto não está na linearidade, mas na
usabilidade.
|
Koch (2005)
|
-
Busca também semelhanças entre texto e hipertexto os comparando;
A
diferença entre eles está somente no suporte e na forma e rapidez do acesso.
|
Lemke (2002)
|
-
Aponta, radicalmente, as diferenças entre texto e hipertexto, ou seja, oferece
ao leitor apenas unidades de informação com possibilidades de trajetória.
|
Marcuschi
(2006)
|
-
É radical e amplo ao afirmar que o hipertexto não é um fenômeno do meio
estritamente eletrônico ou exclusivamente do mundo digital.
|
Braga (2003,
2004, 2005)
|
-
Defende o hipertexto como uma continuidade do texto impresso, a diferença
está na presença de links no hipertexto;
-
O hipertexto é uma nova modalidade lingüística no ambiente digital e está
sujeito as características deste meio.
|
Baseado nas posições dos autores citados
no quadro acima o autor faz uma crítica a respeito das mudanças de foco nas
pesquisas sobre hipertexto e sobre os modismos acadêmicos. Mesmo havendo uma
mudança de foco nas pesquisas sobre o hipertexto, estudando-o sob um olhar lingüístico,
o autor afirma que os estudos ainda está “preso” aos relacionados ao texto
impresso (as categorias da Lingüística Textual). Gomes admite que por causa
dessa visão limitada ainda existem poucas pesquisas que analise as verdadeiras particularidades
do hipertexto.
As pesquisas na área de Linguística
Textual e de Linguística Aplicada deveriam se ater, para estudar o hipertexto,
as particularidades do meio digital, pois é nesse meio que circula o
hipertexto. O autor destaca o uso pedagógico do hipertexto na escola como uma
questão a ser explorada.
Seguindo, vale a pena marcar as principais
semelhanças e diferenças entre texto e hipertexto:
Texto
|
Hipertexto
|
Comentários
|
Unidimensional;
Relativamente
linear;
As
páginas são organizadas em sequência;
O
autor decide, inicialmente, a progressão temática;
Suporte
material.
|
Multidimensional;
Linear
considerando o nível do fonema, morfema e sintático;
As
páginas são organizadas em redes;
Presença
de link como centralidade;
A
progressão é controlada pelo usuário e pelos links disponibilizados pelo
autor;
Só
existe no ambiente eletrônico.
|
É
questionável afirmar que o texto impresso é totalmente linear, assim como
também que o hipertexto não tenha caráter linear.
|
Comentário:
A reflexão provocada pelo texto é super pertinente por demarcar dois aspectos
fundamentais para o avanço nas pesquisas relacionadas ao hipertexto: 1- Fato de
trazer a discussão para o âmbito da Linguística; 2 – Esclarecer que é preciso
estudar o hipertexto a partir de suas peculiaridades considerando seu meio de
circulação, o meio digital e assim evitar a limitação do estudo comparativo das
semelhanças e diferenças com o texto escrito. Isso não significar romper, por
exemplo, com as questões propostas pela Linguística Textual, mas avançar em
relação a estes aspectos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário