terça-feira, 12 de maio de 2015

Aula 3 – 22 de abril de 2015.

A aula do vigésimo segundo dia do mês de abril foi bastante produtiva.

Inicialmente, pudemos assistir a apresentação de 3 colegas de turma (Dayanne, Flávia e Norberta) que já havia pago a disciplina semestre passado. Dayanne e Flávia apresentaram duas atividades referentes a textos da disciplina e Norberta fez a apresentação de seu blog.

Chamou minha atenção, em especial, a apresentação (seguida de discussão) da colega Flávia. Ela apresentou reflexões acerca do texto “ A textualidade do hipertexto”,  do professor Luiz Fernando Gomes. Discorreremos com mais profundidade as reflexões sobre este texto na próxima postagem, mas é pertinente comentar como foi interessante perceber como as categorias da textualidade (coesão, coerência, intertextualidade, informatividade...) funcionavam no hipertexto! Foi interessante perceber como estas categorias que até então só havia percebido no gênero escrito ou  no máximo num gênero virtual que “herdou” características do escrito e enxergar possibilidades múltiplas de funcionamento da textualidade no hipertexto. Como funcionaria à coerência num hipertexto repletos de links? Difícil, né? Foi muito interessante!
Caso alguém queira mais informações a respeito das apresentações das colegas citadas, seguem os links de seus blogs/sites:


Outra questão que merece destaque é a reflexão do texto “Texto e Hipertexto: O “Hiper” do hipertexto e outras questões”, de Luiz Fernando Gomes.

O autor resolve escrever sobre o “hiper” do hipertexto com o objetivo de situar este objeto de estudo (hipertexto) no viés da Linguística, já que é necessário pensar esta questão dentro do âmbito lingüístico pelo fato deste termo surgir no contexto da informática e os conceitos que circulavam se relacionava a esta área de conhecimento. O “hiper” significa olhar as diversas questões cunhadas dentro do hipertexto através do “olhar” lingüístico.
Neste sentido, o autor discute algumas questões que merecem ser enumeradas e comentadas:

1-      Relação texto/hipertexto: Concordo com a enumeração das diferenças e semelhanças entre eles e com a crítica do hipertexto ao texto impresso, no entanto refuto algumas características dadas ao texto impresso.

2-      Hiper x Linear/ Multidimensional x Unidimensional: Retomando a questão anterior relacionando aos aspectos desta questão, é necessário considerar que mesmo com a novidade da multidimensionalidade do hipertexto, pensando-o no nível do fonema, morfema e sintático ele tem caráter linear e este linear é importante. Pensando também a leitura de um jornal (texto impresso), a leitura sendo realizada com ele aberto na mesa, por exemplo, podemos considerar uma não-linearidade nessa questão.

3-      A construção de aspectos da textualidade no hipertexto: Aqui é interessante pensar como a coerência (um aspecto da textualidade) é construída no hipertexto. Será que ela pode ser garantida na disposição dos links e com a dinamicidade do hipertexto?

4-      Hipertexto e texto eletrônico: Esta questão foi esclarecida com uma afirmação do professor durante a aula “É importante saber que nem todo texto que está no ambiente virtual é hipertexto, pois talvez estes textos não haja presença de links. Ex .: Os artigos em PDF.

5-      A característica logocêntrica da WEB: Significa pensar a construção do hipertexto como se tivesse “transferindo” um texto impresso pára um ambiente virtual. Concordo com o texto ao mencionar que alguns hipertextos são criados dessa maneira.


Continuando a discussão, o autor fundamenta sua argumentação baseado nos autores/obras organizados no quadro abaixo:

Braga & Ricarte (2005)

- Ampliar o conceito de “hipertexto” separando-o do texto impresso.
Pefferti (1996)
- Hipertexto combina o intrigante com irrelevante;
- Juízo de valor: Hiper é bom e o linear não é;
- Hipertexto x texto / Processo x uso
Mial (1998)
- Defende que se deve partir  do que sabemos sobre leitura e escrita de textos impressos  e os processos psicológicos para estudar o hipertexto.
Rouet & Levonen (1996)
- Comparação entre texto e hipertexto em busca de semelhança entre eles;
- A progressão do hipertexto é controlada pelo o usuário no sentido de escolher o link que escolher clicar;
- A diferença entre o texto e o hipertexto não está na linearidade, mas na usabilidade.
Koch (2005)
- Busca também semelhanças entre texto e hipertexto os comparando;
A diferença entre eles está somente no suporte e na forma e rapidez do acesso.
Lemke (2002)
- Aponta, radicalmente, as diferenças entre texto e hipertexto, ou seja, oferece ao leitor apenas unidades de informação com possibilidades de trajetória.
Marcuschi (2006)
- É radical e amplo ao afirmar que o hipertexto não é um fenômeno do meio estritamente eletrônico ou exclusivamente do mundo digital.
Braga (2003, 2004, 2005)
- Defende o hipertexto como uma continuidade do texto impresso, a diferença está na presença de links no hipertexto;
- O hipertexto é uma nova modalidade lingüística no ambiente digital e está sujeito as características deste meio.


Baseado nas posições dos autores citados no quadro acima o autor faz uma crítica a respeito das mudanças de foco nas pesquisas sobre hipertexto e sobre os modismos acadêmicos. Mesmo havendo uma mudança de foco nas pesquisas sobre o hipertexto, estudando-o sob um olhar lingüístico, o autor afirma que os estudos ainda está “preso” aos relacionados ao texto impresso (as categorias da Lingüística Textual). Gomes admite que por causa dessa visão limitada ainda existem poucas pesquisas que analise as verdadeiras particularidades do hipertexto.
            As pesquisas na área de Linguística Textual e de Linguística Aplicada deveriam se ater, para estudar o hipertexto, as particularidades do meio digital, pois é nesse meio que circula o hipertexto. O autor destaca o uso pedagógico do hipertexto na escola como uma questão a ser explorada.
            Seguindo, vale a pena marcar as principais semelhanças e diferenças entre texto e hipertexto:

Texto
Hipertexto
Comentários
Unidimensional;
Relativamente linear;
As páginas são organizadas em sequência;
O autor decide, inicialmente, a progressão temática;
Suporte material.

Multidimensional;
Linear considerando o nível do fonema, morfema e sintático;
As páginas são organizadas em redes;
Presença de link como centralidade;
A progressão é controlada pelo usuário e pelos links disponibilizados pelo autor;
Só existe no ambiente eletrônico.


É questionável afirmar que o texto impresso é totalmente linear, assim como também que o hipertexto não tenha caráter linear.



Comentário: A reflexão provocada pelo texto é super pertinente por demarcar dois aspectos fundamentais para o avanço nas pesquisas relacionadas ao hipertexto: 1- Fato de trazer a discussão para o âmbito da Linguística; 2 – Esclarecer que é preciso estudar o hipertexto a partir de suas peculiaridades considerando seu meio de circulação, o meio digital e assim evitar a limitação do estudo comparativo das semelhanças e diferenças com o texto escrito. Isso não significar romper, por exemplo, com as questões propostas pela Linguística Textual, mas avançar em relação a estes aspectos. 


segunda-feira, 4 de maio de 2015

Aula 1 – 1 de abril de 2015 - Hipertexto? Do que se trata?

Na manhã do dia 1 de abril de 2015, na disciplina “Seminários temáticos em estudos textuais: hipertexto e gêneros digitais”, ministrada pelo Prof. Dr. Luiz Fernando Gomes, fui disposto a mostrar que já havia lido um pouco sobre “hipertextos e gêneros digitais” e quando o professor fizesse a pergunta: O que é hipertexto? Eu me apressaria a levantar a mão e responderia com entusiasmo: “é o texto que tem o link como centralidade”. Pronto! Já poderia me considerar um entendido no assunto.

O professor iniciou a classe fazendo algumas reflexões em relação à imagem e o ambiente virtual e o poder que ela tem pensando a significação do sujeito. Uma frase de efeito que me chamou atenção foi “As pessoas modalizam com o texto escrito e ofendem com as imagens.

Fiquei esperando o momento que o professor iria falar de hipertextos e me perguntei porque ele estava falando aquelas coisas sobre imagem.

Como protocolo de primeira classe do curso, Luiz Fernando explicou o plano da disciplina e nos informou que deveríamos criar um blog. Este seria o nosso caderno virtual de anotações compartilhado.

Seguindo a aula o professor nos fez responder um questionário para “testar” o que sabíamos sobre o hipertexto. Pensei: - “esta é minha hora, irei responder facilmente estas perguntas”. Quando me deparei com o questionário percebi que só tinha uma resposta para as perguntas que estavam ali e daí percebi que o que eu sabia sobre hipertexto era muito superficial e que esse “negócio” de hipertexto é muito mais amplo que eu imaginava.

Percebi também que o que eu sabia era uma simples definição com características da informática e o que eu precisava (preciso) era (é) encarar este campo de estudo na condição de um lingüista/educador.

Se  eu puder definir com uma frase o que ficou guardado deste primeiro momento, declaro, através da frase dita pelo professor Luiz Fernando durante a aula: “A linguagem é nossa centralidade e não as tecnologias, não é principal saber utilizar os recursos tecnológicos, mas se expressar”.

Eu não pensava nessa possibilidade hipertextual, mas agora desconfio e vou buscar de desvendar (tirar as vendas) deste campo tão interessante!


 João Victor (FALE-PPGLL)




Aula 2 – 8 de abril de 2015 - Breve Histórico do Hipertexto

Nesta aula discutimos e refletimos o texto “Breve Histórico do Hipertexto”, do autor Luiz Fernando Gomes.
Apoiado em questões norteadoras, ou seja, um roteiro de estudo dirigido, iniciamos nossa reflexão reconhecendo, no texto, a importância de Vannevar Bush para a criação do hipertexto. Bush, ao perceber que o ser humano possuía mais informações que podia administrar, propôs uma maneira de organizar conteúdos de forma não hierárquica que permitisse acesso não linear, pois ele acreditava que nossa mente não trabalhava linearmente, mas por associações, que, inclusive, agiliza o pensamento. Essa idéia de não-linearidade e organização por associação fundamentam a criação do hipertexto.
As idéias de Bush foram divulgadas, em 1945, no artigo intitulado “As we may think (Do modo como pensamos ou parecemos pensar)” que tinha como pressuposto a questão que nossa mente não trabalha linearmente, mas por associações e esta acelera o pensamento, em outras palavras, Bush sugeriu uma maneira de organizar não hierarquicamente e baseado nessas ideias ele apresenta o Memex (Mnemônico de Memory Extension – Extensão da Memória). Este dispositivo, de uso individual, permitia a pessoa organizar todos os seus arquivos e consultá-los de forma rápida e dinâmica. Um avanço imenso em relação ao sistema de consulta na biblioteca. A grande novidade deste dispositivo, anterior ao computador, foi proporcionar ao pesquisador (usuário imaginado) pesquisar seus livros e artigos acadêmicos, incluir comentários, alterar conteúdo dos artigos e principalmente criar links entre os documentos. Podemos afirmar que o modelo de indexação proposto por Bush  não era exterior ao leitor, pois foi valorizada a relação do pesquisador com seus arquivos, era o pesquisador que decidia como organizar estes arquivos, ele intervia neles, alterando ou comentando seu conteúdo.
Outro nome importantíssimo para o desenvolvimento do hipertexto foi Theodore Nelson. Ele desenvolveu , em 1960, o hipertexto baseado em computador como um trabalho de final de curso de pós-graduação que fazia em Harvard. Ted Nelson também é o idealizador do Projeto Xanadu, “um sistema mundial de hipermídia, onde “tudo” pode ser imediatamente acessado, onde as idéias de todos podem estar associadas com quais outras, e nele os mesmos documentos podem aparecer em múltiplos contextos sem terem sido duplicadas fisicamente (GOMES, 2011, p.19). Este projeto existe até hoje, mas não foram alcançados os objetivos como esperava Ted Nelson.  
O hipertexto proposto por Ted Nelson, no início, não foi realizado em sua totalidade, pois precisou de certos limites para ser implementado. Inicialmente só poderia navegar como consumidores e/ou espectadores (lurkers), já que a chamada web1.0 era formada por empresas. Só com o advento da web 2.0, em 2000, passamos de consumidores de informações apenas e também nos tornamos “produtores”. Esta é a grande diferença entre a web 1.0 e a web 2.0.
Com o desenvolvimento do hipertexto foram criados alguns conceitos como o de “hipertexto colateral ou paralelo” que é a quantidade quase infinita de links entre blocos de informação (GOMES, 2011, p.21).
Outro conceito desenvolvido é o de “stretch text” ou “texto elástico”, um tipo de texto apresentado como um resumo, cujo assunto será tratado mais extensivamente caso o leitor  deseje acessá-lo. Ex.: Ambiente Wiki. É justamente este conceito de “texto elástico” que cria uma relação do hipertexto com o sânscrito (uma das 23 línguas oficiais da Índia), pois essa forma de apresentação textual era comum nos textos religiosos em sânscrito, em que as ideias eram apresentadas em forma de aforismo, ou máximas, tipos de textos resumidos que depois eram expandidos por comentadores.
Um terceiro nome importante no desenvolvimento do hipertexto foi o de Douglas Engelbart. Ele teve a ideia de usar computadores a fim de “aumentar o intelecto humano” para resolução de problemas. Inspirado nas idéias de Bush, apresentou os conceitos de mouse e das múltiplas janelas. Engelbart e sua equipe, a partir do desenvolvimento da noção de edição na tela, criaram também o “primeiro sistema para linkar  blocos de informação e ainda projetaram e desenvolveram o primeiro sistema de hipermídia para computador” (GOMES, 2011, p.21).
Destacamos ainda neste percurso histórico do hipertexto a invenção de Tim Bermers – Lee. Tim criou a “World  Wide Web (WWW). Esta se baseia, atualmente, numa interface gráfica através de uma interface do mouse e de ícones em telas. O que faz da web uma teia é sua estrutura hipertextual, que permite que cada página de cada site possa se conectar a qualquer outra página ou site da rede, ou mesmo se conectar de algumas delas.
Finalizando o levantamento histórico sobre o hipertexto, é necessário mencionar o conceito de intranets, ou seja, redes que ligam somente determinados computadores e pessoas, em outras palavras, seria uma rede privada, cujos dados só podem ser acessados online por um grupo de pessoas que tenham a senha.
Por último, apresentamos os conceitos de Lan (Local Area Network – Rede de Área Local), ou seja, uma rede de computadores que estão relativamente próximos, normalmente no mesmo edifício (Ex.: Lan House) e Wan (Wide Area Network – Rede de Área Extensa), ou seja, conectam dispositivos  que se separam por longas distâncias (Ex.: redes de supermercados).

Referência: GOMES, Luiz Fernando. Hipertexto no Cotidiano Escolar. Breve Histórico do HIPERTEXTO. São Paulo: Cortez Editora, 2011.

Comentário:

É preciso compreender que a internet surgiu em 1969. Neste momento histórico surgiu o LCD e também o advento dos Hippies que perambulavam pelo mundo “desistindo da racionalidade. Era uma ideia psicodélica, ou seja, expandir a percepção da mente humana através do uso do LCD. A internet herdou o DNA deste contexto histórico, a ideia do psicodélico. Ela foi pensada inicialmente como uma arma de guerra, mas depois foi usada como tecnologia. Uma rede interligada sem centro, não hierárquica.
Outro ponto que é necessário ser comentado é que o hipertexto, em seu surgimento, não tinha nenhuma preocupação do ponto de vista lingüístico, pois este conceito foi criado no campo da informática e tecnologia.